terça-feira, 23 de julho de 2013



O Itatiaia Patrulha:

SEMPRE que as pessoas ficam sabendo que trabalho na produção de um programa da editoria policial ficam horrorizadas. Vou explicar um pouquinho de como é a produção do programa que faço. Quero desmistificar que é só tragédia, tiros, sangue e mortes.

O programa chama Itatiaia Patrulha. Ele é transmitido pela Rádio Itatiaia (95,7 FM/ 610 AM, site: www.itatiaia.com.br). O Patrulha começa às 17:05 e vai até às 17:55, de segunda-feira a sábado. É o líder de audiência da empresa e ela cada dia aumenta mais.

O produtor chega uma hora da tarde, mas sempre tem repórter especifico para matérias de polícia durante a madrugada, manhã, tarde e noite. Fora que se tem mais de uma ocorrência e é grave, os repórteres que fazem outros tipos de matérias são deslocados para cobrir o ocorrido.

A primeira coisa que o produtor tem que fazer é entrar no site da Polícia Militar. Lá tem um link para a sala de imprensa. Os assessores da Polícia colocam as ocorrências que estão acontecendo no momento. Elas são separadas por tipo e eles descrevem o crime ocorrido, geralmente também tem o contato do policial que está no local. Só membros da imprensa cadastrados tem acesso ao portal, é necessário login e senha. Existe também um telefone para ligar para saber das ocorrências, porque as vezes o repórter está na rua, fora do horário dos produtores dos programas e precisa de mais informações.

O contato entre o repórter e o produtor é fundamental. Um sempre passa informação para o outro o tempo todo. A intenção dos dois é a mesma: uma matéria de qualidade. Todos os nossos repórteres são ótimos e muito competentes. Não me preocupo em nenhum momento de não ter matéria ou com a qualidade dela.

Temos oficialmente um repórter de madrugada, um para manhã, dois na parte de tarde, sendo que um continua até a noite. Geralmente tem mais de uma ocorrência acontecendo e cabe ao produtor, junto com a coordenação do jornalismo, o apresentador e o repórter avaliar qual é a “mais importante”. Só que é uma decisão muito delicada, um crime sempre é relevante. Somos obrigados a apelar aos critérios de noticiabilidade do jornalismo (ex: número de pessoas envolvidas), pedir para outro repórter deslocar para a polícia ou até mesmo acontece de o produtor ter que ir cobrir. Já fui, gostei, mas realmente não sei ainda se reportagem é a minha praia.

As matérias produzidas com o tema policial não são de exclusiva veiculação do Itatiaia Patrulha, podem entrar em outros programas da programação também. Mas como é um programa exclusivamente policial (menos se tiver alguma coisa muito importante acontecendo) os outros produtores deixam pra gente.

Fazemos um script para cada programa, colocamos a data, nome do produtor, nome do apresentador e as matérias. Numeramos elas por ordem em que vão entrar, colocamos o nome do repórter que fez, o título da matéria, o tempo que ela tem e um pequeno resumo do ocorrido. Muitas vezes a ordem muda! Tudo muda (desesperador, mas emocionante hahaha).

Nós mesmos produtores editamos as matérias dos nossos programas. As matérias de polícia são mais complicadas na hora da edição. Por exemplo, de acordo com o Estatuto da Criança, o ECA, não podemos divulgar o nome de menores que cometem delitos (sim, eles não cometem crimes, tem que falar delito) e temos que distorcer as vozes (modificar para eles não serem identificados). Temos muito cuidados com pessoas que são abusadas sexualmente, querem denunciar algum crime, SEMPRE omitimos o nome e distorcemos as vozes também.

Outra coisa fundamental: escutar TODOS os lados. Escutamos a vítima, testemunhas, o policial ou delegado responsável pelo caso, o suspeito (sim, eles são sempre suspeitos até que sejam julgados e condenados). Resumindo, todos os envolvidos no caso, sempre de maneira justa e sem julgar.

As matérias variam no tamanho, mas tem no máximo 6 minutos. A quantidade também varia no dia, mas entram de 4 a 5 em um programa.

O nosso apresentador é o Laudívio Carvalho. Pretendo fazer um post exclusivo sobre ele. Sou completamente apaixonada por ele como pessoa e profissional. Temos uma ligação muito bacana e ele é muito fácil de lidar, além de estar disponível para tudo que você precisar.

Eu adoro essa área, amo de paixão. É uma coisa que me empolga. Eu sei que você deve ta me achando uma louca psicopata. O mundo policial não se baseia somente em sangue. Quando colocamos um crime no ar, queremos mostrar para a população a realidade, que está assustadora. Todos os dias são milhares de pessoas assassinadas, famílias despedaçadas por causa das drogas, os jovens cada vez mais cedo entrando no mundo do crime. A intenção é cobrar uma solução das autoridades e uma maior conscientização das pessoas sobre o que ta acontecendo. Não fique ai achando que isso não vai acontecer com você, qualquer um está sujeito a ser vítima a qualquer hora e em qualquer lugar.

Outro ponto muito bacana que o programa proporciona é ajudar as pessoas. Já cansamos de colocar dependentes de drogas que querem ajuda para tratamento e conseguimos, cobramos respostas sobre crimes e conseguimos. Isso dá alegria no coração, sentimento de dever cumprido e força para continuar lutando.

Espero que tenham entendido pelo menos um pouco de como funciona a produção. É muito dinâmica e tudo muda a todo segundo. Cada dia é um novo desafio e adoro isso. Tem dias que eu choro com o que acontece, mas tento não me deixar abalar, eu quero lutar por um mundo melhor.  Existem casos que nunca vão sair da minha cabeça, mas eles me inspiram a todo mundo e não me deixam esquecer que essa é uma luta de todo nós, que ainda tem muito a ser feito e eu vou fazer.

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